quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Amar como os pássaros...


Da janela do meu quarto eu vejo um ninho de passarinho.
O casalsinho está ali alimentando seus filhotes. Acabou de cair uma chuva torrencial e eles estão ali, firmes. Escuto daqui o 'piar' dos filhotinhos com fome.
Esta árvore onde está o ninho bate pertinho aqui do meu quarto, é filha de uma semente de uma árvore lá da casa de meus avós... ela dá umas flores vermelhas esquisitas - mas bonitas - e toda vez que abro a janela e as vejo é como pedir a bênção de minha avó... ela gostava de flores!

E é desta cena que tiro a minha mensagem de fim de ano a todos: Que possamos permanecer unidos, em família, no amor, na amizade, na confiança... como esta família de pássaros! Com coragem para enfrentar tudo, tendo sempre o amor como elo essencial!

Abençoado 2010 a todos vocês que passarem por aqui!
Beijos no coração de cada um!

domingo, 27 de dezembro de 2009

Natal é todos os dias...



Naquele 24 de dezembro de 1982 eu acordei mais cedo do que de costume. Aliás, tudo estava meio diferente aquela manhã: os pássaros lá fora cantavam em harmonia com as cigarras, as flores no jardim, ainda orvalhadas, recebiam os primeiros raios de sol fazendo transparecer um brilho todo especial, recebendo já cedinho a visita de muitas borboletas e abelhas. “Até a natureza sentia que vinha coisa boa por aí”, pensei eu com um sorriso típico da criança de 8 anos que era eu. Corri da janela de meu quarto para a cozinha num risco e fui direto para a janela que dava para a estrebaria onde meus avós tiravam leite das vacas. Eles já estavam lá no ofício diário deles! Quis vê-los pois a presença deles em minha vida embalava-me no colo de Deus e assim eu sentia-me segura e amada. Mais uma vez sorri!

Sim, eu estava na casa dos meus avós! Aquela casa que a gente encontra nas histórias do senhor Monteiro Lobato, sabem? Onde Pedrinho e Narizinho passavam as férias no mundo encantado da vó Benta e que brincar era muito mais que um faz-de-conta, era um aprendizado para a vida toda... Assim era a casa de meus avós também e junto com meu primo Tuca, que morava ali pertinho, vivíamos as nossas aventuras cheias de sabedoria e encantamento. E por falar nele, mal eu cheguei na cozinha ele entrou pela porta a dentro sem cerimônia alguma, meio assustado e com os olhos pequenos ainda pois também havia acordado aquela hora e se pôs na janela comigo a olhar para a vó Maria e o vô Emílio ao longe.

“O vô e a vó parecem são José e Nossa Senhora no presépio que montamos lá na sala, né?”, comentei com o Tuca contemplando aquele cenário bíblico, inundada já pelo espírito natalino. “Vamos lá para tomar a espuma do leite fresquinha e pedir a bênção e dar um abraço neles?”
E assim, saltando rapidinho da janela, saímos em disparada para a estrebaria. Chegando lá corremos ao encontro do vô e da vó e nos sentamos no lugar de costume, onde ficávamos quando ajudávamos a fazer os tratos para as vacas. Era um lugarzinho como que uma prateleira grande, de chão batido embaixo de um paiol enorme. Ali ficávamos todas as manhãs e fins de tarde enquanto esperávamos eles tirarem o leite. Mas aquele era um dia especial, era véspera de Natal e até aquela rotina diária se tornara diferente. De repente, olhando tudo ao nosso redor percebemos que aquela estrebaria virara uma gruta, igualzinha a que fizemos no presépio. Então, meu primo e eu tivemos uma idéia: “Vamos fazer uma caminha para o menino Jesus aqui? Só falta ele agora!” Bem ligeiro pegamos capins secos e verdes que haviam por ali e graciosamente fizemos um aconchegante lugar para dormir. Nossos avós observavam tudo, tão entusiasmados quanto nós, felizes por nossa presença ali junto deles.

Andando de um lado para outro começamos a procurar algo que pudesse representar o menino Jesus. E procura daqui, procura dali e nada! Passou um tempinho e nos cansamos daquele sobe e desce da estrebaria para o paiol e resolvemos descansar na caminha do menino Jesus. Aí, vovô e vovó, nos contemplando curiosos e fascinados, aproximaram-se de nós e disseram: “Pronto! Agora o presépio está feito! Vocês dois aqui são o menino Jesus que faltava”. “ Nós dois?”, perguntei eu prontamente, “por que?”. “Por que em nossas vidas vocês fazem o Natal acontecer todos os dias e é no aconchego do abraço de vocês, no sorriso espontâneo e na conversa amorosa que nós sentimos a revelação desse mistério”. Eu e o Tuca nos olhamos surpresos imaginando o menino Jesus dentro de cada um de nós, felizes com aquela idéia. E assim, abraçando nossos avós, descobrimos que o melhor lugar para preparar e acolher o menino Jesus é dentro do nosso coração.

E sabem do que mais, aquela estrebaria nos ensinou, durante toda a nossa infância, a entendermos o santo mistério que envolve o nascimento de Jesus, o Filho de Deus. E não só o deixamos nascer dentro de nós como também o acolhemos para crescer conosco, brincando juntos. E Ele aceitou!


Um abraço a todos que passarem por aqui!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Vagalumes no meu jardim...


Ontem estava lendo. Já era noite e fazia muito calor. Abri a porta e recebi aquele frescor agradável das noites de verão aqui do Sul. De repente olhei lá fora e percebi que algumas luzinhas começaram a passear em meio a escuridão do nosso jardim. Eram vagalumes...

Adoro vagalumes pois eles me trazem lindas lembranças e bons fluídos. São luzes espontâneas e verdadeiras... nada artificiais! Não precisam ofuscar e nem roubar energia de nada e de nenhum outro ser para brilharem...e brilham aos poucos, sabem ser Luz! Deus colocou nesses bichinhos uma sabedoria incrível: eles sabem ser luz em meio a escuridão! Vão se acendendo aos poucos porque sabem que brilho demais cega os olhos de quem vê.

Amei aquelas luzinhas, fazia tempo que não as via mais. - Ainda existem vagalumes, que maravilha! - pensei aqui dentro, sorrindo dentro de mim, lembrando das vezes em que eu corria atrás deles quando era criança na casa de meus avós.

Minha leitura no livro agora se perdera, passei a ler aquele momento, aqueles dois vagalumes que brincavam em meu jardim. Adorei a visita deles!

Um abraço de luz a todos que também me visitarem aqui! ;)

Obs.: E Deus não é assim também? Não se mostra aos poucos? =)Ele vai acendendo as luzes em nossa vida na medida em que vamos caminhando.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

É hoje que Sinto aquilo que Fui...


Esta frase de Fernando Pessoa me fez descobrir o valor que minha infância tem sobre mim. É no hoje que eu vejo refletido o amor que recebi de meus avós, pais, tios, professores... É hoje que eu contemplo a minha infância com os olhos de quem lê histórias encantadas e sente que tudo é possível e que o pó de pirlimpimpim é feito de amor!

Partilho com vocês um conto que escrevi falando um pouco desse meu tempo. Agora o texto está aqui na íntegra =)

Portas do Céu

Eu gosto de todas as estações, principalmente da primavera. Lá, na estação da minha infância, quando a primavera desabrochava, eu lembro que na floresta onde ficava a casa dos meus avós, eu adorava andar entre as árvores para ver as portas do céu
que se abriam bem de manhãzinha quando o sol ia nascendo.
Eu via seus raios se espreguiçando por entre aquelas enormes Imbúias e imaginava que Deus havia aberto as portas do céu... E na minha imaginação eu entrava e passava meus dias de férias lá, com Ele. Eu subia em árvores, comia frutas do pé, apreciava as flores do campo, brincava com os girinos deitada a beira do rio e com os terneirinhos correndo nos campos.

Meus avós me davam a mão e o colo e meu primo Tuca era meu anjo companheiro naquele pedacinho de céu a brincar comigo. E nossas brincadeiras eram como aquelas aventuras do Pedrinho, que o senhor Monteiro Lobato contava no Sítio do Pica-Pau Amarelo. Claro, não tínhamos o pó de pirlimpimpim mas tínhamos o sótão da casa de meus avós, que era um verdadeiro passaporte para um mundo de aventuras. Lá, embalados pelas estórias de assombração da infância de minha mãe, que também viveu ali, e juntando mais as nossas, coragem era o que não nos faltava para estarmos ali.

Certa vez resolvemos desafiar nosso medo e passar uma noite lá no sótão, onde havia três quartos cheio de coisas antigas e fotos e mais fotos penduradas em quadros nas paredes. Aquelas pessoas nas fotos eram todas parentes, mas nunca sabia quem era quem pois já haviam falecido.

Bom, a noite chegou e com ela a escuridão. Escuridão que parece ser maior no interior pois não há ruas próximas e nem postes para iluminar o quarto lá de fora, só há os vagalumes e o luar mesmo. Mas aquela noite nem isso tinha. Para acalmar o medo começamos a brincar de achar músicas em palavras, isso ajudou por um tempo. Minha irmã mais velha, Ana, estava conosco e também entrou na brincadeira. Foi legal! Mas, de certa hora em diante aquilo perdeu a graça e ela começou uma outra brincadeira que para mim e meu primo não teve a menor graça.

Como a Ana sempre foi metida a corajosa, ela começou a nos assustar inventando estórias sobre aquelas pessoas que estavam nos quadros. Eu e o Tuca ficamos de olhos arregalados em direção as paredes do quarto e mesmo em meio a escuridão juro que víamos os olhos daquelas pessoas nos olhando. Mal respirávamos de tanto medo e a nossa imaginação ia dando asas a mil fantasmas. De repente começamos a ouvir um barulho. Eram passos leves que vinham em direção do quarto em que estávamos. Nosso coração essa hora batia na boca, até minha irmã ouviu e ficou em silêncio. O negócio é sério, pensei, porque quando minha irmã ficava quieta ela também estava com medo. Meu primo essa hora já chorava e dizia que não queria morrer quando de repente dois olhos luminosos saltam em direção a janela ao lado de minha cama. Nossa! Foi o maior grito que já dei em minha vida. Não é que um gato infeliz estava escondido lá em cima? Minha irmã caiu na risada, meu primo no choro e eu com o coração na mão voei para debaixo das cobertas. E se não bastasse o susto, aparece minha vó dando o maior xingão em nós três. E o gato? Sumiu naquela escuridão, o bonito! Quando olhamos pela janela só enxergamos seus olhos reluzentes na noite adentro olhando para trás, rindo de nós, com certeza!

Mas as estórias não são só de assombração. São de amor, carinho, risadas, choro, amizade, brigas, trabalho e estudo também, sempre em meio as portas abertas do céu.
Desde então, cada vez que eu vejo os raios do sol por entre árvores, nuvens e flores, lembro das portas abertas do céu
que eu entrava na estação de minha infância e brincava com Deus na casa dos meus avós maternos, Emílio e Maria.

Hoje, na estação da vida cotidiana, continuo vendo as portas do céu se abrindo através do amor que meus pais sentem por mim; do sorriso das crianças e de suas palavras tão espontâneas e verdadeiras; da presença dos amigos que "brincam de viver" comigo; do meu trabalho que me ajuda a ser um pouco melhor a cada dia e que me ajuda a partilhar a vida; da natureza (pois eu não sei o que seria de mim sem o mar, as flores, os pássaros, as estrelas...); das palavras - que eu tanto valorizo; do silêncio do meu ser que por amor se alegra e se entristece, sorri e chora.
E em meio a tudo isso vejo que Deus cresceu comigo, mas seu amor e paciência continuam iguais.


Bjs a todos que passarem por aqui!

domingo, 22 de novembro de 2009

Eu sou....


"Eu sou essa mistura:
Mistura de humano e divino
E um resto de saudade.

Há tanto em meu sangue
Que minhas veias carregam mais do que minha vida,
Carregam também a minha morte.

De trigo e joio são os meus atos
E o que colho é o que reparto
Não o que guardo.

Não tenho regras nem as faço
O que tenho é um olhar
E uma coragem que dá medo.

Medo porque creio no invisível
Porque acredito no ser humano
E porque sinto que minha vida não me pertence."

Drika Bueno

Um beijo a todos que passarem por aqui!

domingo, 15 de novembro de 2009

Um coração para amar...


"... para perdoar e sentir, para chorar e sorrir
ao me criar Tu me deste..."

Ultimamente a letra dessa música anda rondando meu ser, querendo entrar mais fundo aqui dentro... aqui no meu coração.

Coração é mais do que um órgão físico do nosso corpo, coração é coisa de alma, de sentimento, de interioridade, de morada de Deus. Se meu coração físico parar de bater, aqui dentro, os meus sentimentos não vão morrer. Eles continuarão a existir, independente deste músculo.

Hoje minha casa-coração dói... mas continua a existir!
Há de se cuidar do coração... nosso e do coração das outras pessoas!

Abraços do meu coração a todos que passarem por aqui!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ensinar: uma arte de amar!


Todos os dias para mim são diferentes embora a rotina seja a mesma: ir para uma escola municipal onde trabalho. São oitocentos e tantos alunos e eu conheço cada um deles!
Nessa "arte de amar ensinando ", quem mais aprende e é amada sou eu.
Vejam só:
- Não sou mãe, mas sinto nos bracinhos de Larissa quando ela me abraça apertado um amor filial e maternal que só ela me transmite e me faz sentir;
- Admiro a responsabilidade prematura dos irmãos Mateus e Robert, tão jovens, ensinando-me com humildade e pureza o que é ter uma família unida;
- Divirto-me com Lucas e Bruno nas contações de história que ambos fazem nas salas primárias e me emociono vendo-os alegrar os pequeninos do pré;
- Tem o pequeno e desafiante César, criatura fantástica, inteligentíssimo e indomável para os parâmetros escolares "normais". Adoro conversar com ele;
- E o majestoso José... tão pequenininho e tão esperto! Todos os dias ele passa conversar comigo, as vezes até parece gente grande, e acho uma graça quando ele me chama de "o biblioteca", porque ele quase sempre esquece meu nome. Ele é um encanto;
- Há também um menininho sério chamado Maico que vive lendo de tudo e que sempre me ajuda no que precisa. Diz ele: "vou ser advogado quando crescer, minha mãe vai pagar um curso pra mim"... e olha, ele vai conseguir mesmo pois dentro dele há um censo de disciplina, caráter, responsabilidade e honestidade que não se aprende nos bancos universitários, isso já está dentro dele. Admiro a pessoa que esse menino já é;
- E tem a doce Daiane, menina meiga e companheira que me faz uma falta enorme quando não aparece. Vai ser uma eterna amiga;
- Isso sem contar o Alisson, o Estêvão, o Gilberto e mais uma turma que adorammm nos fazer rir por motivos tão bobos mas que nos arrancam risadas gostosas, verdadeiras...

Sinto nessa troca de atenção, de compreensão e de afetos a melhor recompensa do mundo e ser professora é uma das coisas mais belas que já exerci.
Meus alunos são os meus tesouros, com certeza, porque eles me fazem ser sempre melhor do que sou a cada dia. Ahhh, e eu adoro ser chamada de "prof" quando eles me encontram por aí ;)

Um beijo a todos que passarem por aqui e um abraço a todos os "prof" ;)

Obs.:O que escrevi aqui é o que vivo todos os dias na minha arte de amar sendo professora. Substituí os nomes das crianças por serem de menor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Rastros de Deus


Quando penso em Deus não consigo deixar de ficar abismada por seu amor, por seu jeito de resolver as coisas - sempre tão diferente do nosso jeito, por sua criatividade e carinho e também pelos rastros que Ele deixa, o que nos faz identificar Sua ação/presença.

Certa vez passei por uma experiência que me tocou profundamente quanto a isso. Eu descobri que uma pessoa conhecida estava fazendo uma outra pessoa sofrer muito. Eu não conhecia esta outra pessoa mas acabei conhecendo porque esta pessoa se abriu comigo e eu fiquei a par da história. Não revelei nada do que eu sabia porque fiquei extremamente preocupada com aquela pessoa e triste com a outra. Durante uns quatro dias eu sofri muito com aquilo dentro de mim, tentanto achar um meio de ajudá-la. Eu queria tirar o sofrimento daquela pessoa mas não sabia como. Não podia contar porque temia a reação dela e também porque a outra pessoa me era muito querida e eu queria proteger o nome dela.

Pedi conselhos a algumas pessoas, rezei muito para que Deus me ajudasse a tomar a decisão certa e, por fim, sentindo que aquilo realmente fugia as minhas mãos, pedi a Deus que Ele mesmo tirasse aquela pessoa daquela teia de mentira e sofrimento e a libertasse de vez. E pronto, deixei isso com Ele e descansei toda aquela dor no silêncio de Cristo. E assim se fez...

Passaram-se duas semanas e aquela pessoa libertou-se daquele sofrimento de uma maneira inacreditável, solta pelas próprias mãos/atitudes de quem a fazia sofrer tanto. Bastou aparecer um pouco a verdade que ela tornou-se livre, ficou curada - como ela mesma me disse. Depois de uns dias, a tentativa de amarrá-la a uma mentira voltou novamente a espreitá-la, mas ela "tomou um remédio que a curou por completo", disse ela.

Olhando para essa libertação completa, sem restos mortais dentro da pessoa, penso que só Deus age assim, só Ele tem esse poder de passar por dentro de nós e fazer as coisas da maneira mais natural e suave, embora sejam extraordinárias! Ele mexeu no coração de ambas, fazendo com que elas tomassem a atitude certa, mesmo sem ter consciência disso, e a libertou. E o melhor: não deixou dentro dela raiva ou mágoa, muito pelo contrário, deixou o dom da compreensão, uma compreensão que talvez nem esta pessoa (a que a fez sofrer) tenha de si mesma. Ou seja: esta pessoa saiu melhor do que entrou dessa experiência... e só Deus faz isso nas pessoas.

Ao final de nossa ultima conversa refleti com ela que ela havia sido visitada por Deus e que havia também aceitado a graça de Deus em sua vida pois ela foi verdadeiramente curada. Acolher essa graça é que faz o milagre acontecer. Deus respeita isso em nós e só acontece aquilo que realmente desejamos profundamente.

Assim, fiquei imaginando Jesus em seu tempo. Os Evangelhos relatam que Ele se aproximava das pessoas que estavam as margens da sociedade. Ele ia até as margens, sempre, e ali Ele amava muito mais do que quando estava ao centro...=) Bom, mas isso é assunto para outro post =))

Um beijo a todos que passarem por aqui!

domingo, 11 de outubro de 2009

...faça o que o mundo não faz...


Esta frase vem soando como um sino dentro de mim há dias: Faça o que o mundo não faz!
Diante das alegrias e dores da vida e das pessoas, recebo este convite diário...e isso as vezes custa tanto:
Custa o mergulho profundo ou o voar alto...
Custa o não se contentar apenas com o que é da superficie da vida, das pessoas...
É preciso mergulhar no outro e em si mesmo e nesse mergulho ver tudo e, mesmo assim, continuar amando. Odiar é tão mais fácil as vezes porque não dói. O ódio não dói, não nos lapida. Ele "se põe" para fora e pronto!
Amar, não! Amar é ir até o fim, com tudo!

É fazer como Jesus, na maioria das vezes e ficar as margens da vida das pessoas. Saber passar, saber estar, saber não estar também na vida do outro... e isso dói porque a tentação é sempre querer estar no centro da vida de alguém ou então "dar o troco", como muitos dizem.
Amar as margens é um amor exigente que só sabe sua profundidade quem já provou de sua dor e delícia - como diz o poeta,e sabe acompanhar o ser amado de longe, muitas vezes no silêncio, na presença espiritual ou até no "vagão" da vida de outro alguém.

A vida se espanta com o poder suave da alma, sua força doce e incansável e seu amor profundo, abismo de coisas lindas... Quem ama e é amado entende essa força. Sabe que ela é assombrosa e inexplicável. Talvez uns aprendem porque amam assim e outros porque são amados assim.
Mas porque a vida se espanta? Toque com carinho em uma criança que é só maltratada que você perceberá.
Vale a pena mergulhar na alma do outro. Custa muito fazer porque exige paciência e muitas mortes e ressurreições, mas é isso que faz a diferença. É isso que não nos separa nunca, que faz do longe um lugar que não existe - como poetizou Richard Back.

Façam o que o mundo não faz... façamos. E logo não estaremos mais aqui porque teremos aprendido o que precisavamos aprender: amar!

Um abraço de coração a todos que passarem por aqui!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

...se ouvires a vóz do vento...


Eu tenho uma admiração por árvores e sempre foi assim...
Desde criança elas despertavam a minha atenção e, na primeira oportunidade que eu tinha, lá estava eu subindo em uma delas. Não lembro de ter caído nenhuma vez, o que lembro é do vento que soprava forte sobre elas e fazia com que elas falassem, cantassem... e eu adorava aquilo! Corria para fora de casa para escutar o barulho que as folham faziam ao se tocarem e ficava fascinada, era como música para minha alma.

Certa vez escutei, então, uma canção que dizia assim: "Se ouvires a vóz do vento chamando sem cessar...", e me perguntei:
- De quem é na verdade o sussurro que ouço: das árvores ou do vento?
E foi o tempo, com sua paciência e eternidade, quem veio me mostrando que a vóz que ouço, as canções e sussurros são de ambos e que a minha alma também tem muito deles.

Hoje, onde trabalho há muitos Eukaliptos e quando o vento sopra violento sobre eles sinto que minha alma se fortalece como aquelas raízes, mesmo que até se dobre, mas sinto que ela se firma mais e mais com a força que enfrenta.

Mesmo o vento gelado, esse que mora na noite, quando o sinto tocar em meu rosto percebo o quanto sou forte, o quanto sou capaz de enfrentar... sempre moldada pelas contrariedades da vida e encorajada pela mesma.

É isso que ouço!

E que os ventos sejam ouvidos e enfrentados, venham eles de onde vier!

Um beijo a todos!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Meus avós... minha doce infância!


Fui uma criança feliz e meus avós maternos, Emílio e Maria,
foram os responsáveis por grande parte desta felicidade.
Sempre que posso volto a casa deles,
lá no interior de minha cidade e de mim também,
onde eles sempre estarão.
Fisicamente ele já não estão mais aqui.

Passava minhas férias com eles e durante o ano, sempre que podia, estava lá também.
Cresci e corri a vontade naquele enorme espaço que eles viviam, em meio a natureza, ao amor, ao calor do fogo no fogão a lenha no inverno e nas sapecadas que fazíamos embaixo dos pinheiros... No carinho do colo e do abraço deles... no tempo que dividiamos brincando e trabalhando também. Sim, trabalhando!

Eu tive um grande companheiro, meu primo Tuca. Juntos nós trabalhavamos e ao mesmo tempo nos divertíamos. Passavamos horas em cima das árvores, ao redor do rio e no misterioso sóton que a casa dos meus avós possuía e lá inventávamos histórias e brincadeiras de dar isnpiração a Monteiro Lobato. =))


Estar perto de meus avós era ja estar na eternidade.
Muito do que tenho como espiritualidade eu recebi
e aprendi com eles: observando, rezando junto,
frequentando a Igreja com eles... e até hoje,
quando vou a Igreja onde ia quando criança
junto com eles, revivo tudo aquilo.

Lembrar de minha infância, portanto, é lembrar deles, com muita saudade e gratidão.
Amos vocês, meus queridos avós!!!

Beijos a todos que passarem por aqui =)

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

É hora de agradecer....


Deste-me um coração tão pequeno,
e um amor tão grande,
que transborda por todo o meu ser.
Por que não vens Tu, então Pai,
esvazia-o de mim e toma posse do que é Teu?

Hoje eu só quero dizer: Sim!


Bjs a todos!

domingo, 19 de julho de 2009

Portas do Céu...

Eu gosto de todas as estações, principalmente da primavera.
Lá, na estação da minha infância, quando a primavera desabrochava,
eu lembro que na floresta onde ficava a casa dos meus avós,
eu adorava andar entre as árvores para ver as portas do céu
que se abriam bem de manhãzinha quando o sol ia nascendo.
Eu via seus raios se espreguiçando por entre aquelas enormes Imbúias e imaginava que Deus havia aberto as portas do céu...


E na minha imaginação eu entrava e passava meus dias de férias lá, com Ele.

Eu subia em árvores, comia frutas do pé, apreciava as
flores do campo,brincava com os girinos no rio
e com os terneirinhos nos campos.
Meus avós me davam a mão e meu primo Tuca
foi meu anjo companheiro
naquele pedacinho de céu a brincar comigo.

Desde então, cada vez que vejo os raios do sol por entre árvores,
nuvens e flores, lembro das portas abertas do céu
que eu entrava na estação de minha infância e brincava com Deus.

Hoje, na estação da vida cotidiana, continuo vendo as portas do céu se abrindo através do amor que meus pais sentem por mim, do sorriso das crianças e de
suas palavras tão espontâneas e verdadeiras, da presença dos amigos/as que "brincam de viver" comigo, do meu trabalho que me santifica e que me ajuda a partilhar a vida, da naturaza (pois eu não sei o que seria de mim sem o mar, as flores, os pássaros, as estrelas...), das palavras - que eu tanto amo, do silêncio do meu ser que por amor se alegra e se entristece, sorri e chora.

E em meio a tudo isso vejo que Deus cresceu comigo,
mas seu amor e paciência continuam iguais,
como a de minha mãe que ensinou a dar os primeiros passos
e de meu pai que me ensinou a andar de bicicleta =)

Ele nunca vai desistir de mim, de nós...
e as portas do céu continuarão abertas, sempre, a nos esperar.

Basta sabermos olhar!

Um abraço a todos que passarem por aqui!

domingo, 12 de julho de 2009

...há um vilarejo... ali em Salvador!

"Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão
Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá, Palestina, Shangri-lá!

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção tem um verdadeiro amor, para quando você for".

"A letra da música Vilarejo, de Marisa Monte, me remete a um lugar assim em Salvador. Lá, moradores de rua e um monge-peregrino "partilham" a vida, unidos por uma espiritualidade que os torna irmãos.Conhecer Henrique foi um sonho que realizei.
O primeiro contato que tive com o peregrino Henrique se deu através de um livro - Peregrinando ao encontro da Trindade - ha uns 8 anos atras. Este livro, escrito por ele mesmo, relata suas histórias nas ruas, as quais nos remetem ao Evangelho.

Quando li o livro gerei dentro de mim o sonho de conhecer Henrique. E fui então a Salvador dar vida a este sonho.
Henrique é um francês, tem mais ou menos uns 43 anos e ha 22 anos veio ao Brasil a fim de viver nas favelas de São Paulo como uma pessoa pobre, morando em um barraco pois queria viver a pobreza que o Evangelho pedia. Viveu feliz nesta vida por 2 anos quando então sentiu que Deus pedia algo mais dele: viver com o povo das ruas, sem nada, como peregrino, tendo uma vida de oração mais intensa.

E assim se fez. Henrique percorreu muitos lugares desse imenso Brasil, vivendo nas ruas, sendo acolhido algumas vezes por "camponeses", como ele mesmo fala, e deixando um rastro de Deus por onde passava e nas pessoas com as quais encontrava.Em Salvador sua história começa a mais ou menos ha uns 10 anos. Conviveu nas ruas com o povo de lá e a vida de oração ele vivia nos mosteiros e algumas casas religiosas, além das ruas, é claro.

O Bispo de lá, vendo a presença de Deus naquele homem oferece a Henrique e seus amigos moradores de rua uma Igreja abandonada. Lá Henrique e sua comunidade - A Trindade - passam a morar.Henrique não impõe nenhum tipo de conversão, o que ele faz é ajudar as pessoas a se organizar e a ter uma vida mais digna.

A passagem bíblica onde Jesus fala ao paralítico "Levanta e anda" é como se fosse um lema para todos sairem da condição de estarem deitados nas ruas e levantar-se para viver, indo em busca do que precisam....por isso canto: "...há um vilarejo ali...", ali em Salvador.

Vale muito ir lá e ver de perto tudo isso. Ver que é possível alguém viver hoje, no contexto em que estamos, uma liberdade que não tem preço, que não precisa de nada.

Meus olhos viram que é possível e meu coração sentiu que é verdadeiro.

Um bjo a todos!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Enfim, fim!


Fim!
O palavra pequena mas tão cheia de história, vida.
O fim de algo é sempre o começo de alguma outra coisa. Saber estabelecer esta seta na vida é sabedoria. Precisa-se de muita coragem para por fim em algo dentro de nossa vida.
Muitas vezes não temos essa coragem porque temos medo desse abismo chamado "fim".
Como será nossa vida sem isso, sem aquilo, sem essa pessoa, sem essa situação...?
Aí se mostra a dependência que se tem em relação a tal coisa, e bem se sabe que qualquer tipo de dependência não é sadio.

Só queremos o fim de algo quando ele não nos faz bem, não é? Quando o sofrimento é maior do que o prazer, por exemplo. Aí esta explícito que tal situação merece um fim.
O começo tem que acontecer primeiro dentro da gente, sem querer logo procurar algo ou alguém para depositar sonhos ou expectativas e ver novamente a mesma história se repetir.

Não! Temos que ser bem honestos e autênticos conosco mesmo para poder ser aquela pessoa que vamos amar e ter o maior prazer de estar com ela durante toda a nossa vida. E isso exige disciplina, podas, renúncias e olhar atento a nossa volta para não depositarmos nossa felicidade nas mão de alguém.
Nós, seres humanos, temos muito essa tendência devido as nossas carências. Mas nós, pessoas (o processo que vamos vivendo ao longo da vida), temos que saber quando é a hora certa de parar, de por um fim a relações que nos roubam de nós mesmos.
Fim... sempre há aí um começo, um novo que vem, um ciclo que se inicia e que deixa para traz lembranças. Pode ser o fim de um dia, de uma espera, de um relacionamento, de um tratamento, de uma viagem, enfim... é sempre fim! E como diz Jesus a respeito disso: "...deixe que os mortos enterrem seus mortos...".

Fim!

Abraço a todos!

domingo, 28 de junho de 2009

Sim, eu quero...

Eu quero dar minha vida por uma causa
assim como fazem as pessoas, assim como fazem os santos.

Eu quero saber amar... saber sofrer... saber ganhar e também perder.

Eu quero aprender a ir embora no silêncio e chegar na hora certa na vida de alguém ou no lugar esperado.

Eu quero saber escutar o que as pessoas calam em seus corações e fechar os ouvidos para aquilo que elas dizem e que não gostariam de dizer.

Eu quero saber colher as frutas agradecendo a árvore que a gerou.

Eu quero saber possuir as flores sem que precise arrancá-las do jardim ou da beira de uma estrada.

Eu quero saber olhar as pessoas e não esperar nada delas... apenas
passar por suas vidas deixando o que há de melhor em mim.

Eu quero saber viver com nada e também com tudo para experimentar
a tal liberdade.

Eu quero saber morrer para que, diane da vida e da morte eu possa perceber
que ambas são belas e boas.

Eu quero saber chorar e sorrir verdadeiramente, e se há algo nesse intervalo
de não fazer nenhum dos dois, eu também quero saber.

Eu quero saber ser Eu!

Bjs a quem passar por aqui!
Ps.: Comentário feito por Barbara =)
Barbara disse...
Saber "ser", Drika, é complicado, porque penso que a gente vive mudando de "ser", de acordo com o tempo, circunstâncias internas etc..Mas com certeza, você sabe ESTAR em você.E consequentemente, sabe estar na vida.Vida com maiúscula, assim eu sinto a vida de quem se expõem através dos sons da alma.Um abraço e parabéns.Vai me visitar nos lesadosemgeral.blogspot.com Será uma honra..lima@gmail.com.
23 de Novembro de 2008 10:58

sábado, 20 de junho de 2009

Bem vindo(a) ao porto do meu ser!

Os Segredos do Mar agora vem para ficar! =)

Esta é a segunda parte desse blog que tem como objetivo transformar em pérolas os acontecimentos da vida e também acolher, no porto do meu ser, todos aqueles que pela minha vida passam.
Amo a vida, amo escrever e amo o mar. No mar encontro Deus "disfarçado" e contemplo nele toda sua plenitude. Mas sei que Ele é muito mais do que isso e está em minha vida através de tudo e de todos. Minha história revela isso, aliás, a história de todos nós!

Meu primeiro blog é este,
http://ossegredosdomar-historiaepoesia.blogspot.com/2008_06_01_archive.html, para quem quiser acessar e navegar no mar de vinha vida... serão sempre bem-vindos(as)!

Convido você a encostar sua orelha aqui por uns momentos, e se você conseguir não só ouvir a melodia trazida pelas conchas do meu ser, mas também senti-las, você descobrirá que em todo coração humano existe um oceano...

Bem vindo(a) ao mar, marújo(a)!

Um beijo a todos que passarem por aqui!